Eu já me posicionei diversas sobre a ameaça que o elemento Jair Bolsonaro representa para a democracia e para o Estado democrático de direito. Fiz isso em diversos eventos do Partido dos Trabalhadores e volto a fazê-lo, agora com mais veemência, dada a gravidade da ameaça de morte feita aos petistas durante discurso de ódio proferido aqui em Rio Branco, no último sábado, 1.
Babando pelo canto da boca, o indivíduo ameaçou todos os petistas de morte, simulando fuzilar a todos nós. Não temos medo da bravata de um covarde, mas estamos conscientes de que as suas palavras não significaram apenas um desejo, mas podem funcionar como uma senha para que seus seguidores realizem atos insanos de atentar contra a vida de inocentes.
Vejam que absurdo isso!
Em um momento complicado por que passa o País, com o acirramento das divergências de classes, a fala do ex-capitão não é apenas um crime tipificado no Código Penal Brasileiro: é uma ameaça velada, um atentado à democracia e ao Estado democrático de direito, como já disse acima.
Vejam que o candidato à presidência estava ladeado por um coronel da PM, Ulysses Araújo, candidato ao governo do Estado, que vibrava efusivamente a cada barbaridade proferida.
Jair Bolsonaro disse isso em praça pública e nenhuma instituição, até aqui, se manifestou ou tomou providências. Aliás, ao lado dele estavam diversos policiais federais, mas garanto que nenhum sequer anotou o fato para comunicar aos seus superiores para as devidas providências contra esse acinte.
O caso em questão deve ser tratado pelas forças de segurança e de Justiça como algo gravíssimo. Até porque já há um precedente. Há poucos dias, o comitê de campanha do candidato do PSOL, Guilherme Boulos, foi invadido por um sujeito armado que gritava o nome de Bolsonaro e ameaçou os funcionários do local.
Meses antes, durante a caravana de Lula pelo Sul do País, ônibus foram alvejados à bala. Lembrem-se, ainda, da morte de Marielle Franco, que é resultado desse ódio que a direita espalha no Brasil.
Há, sim, grande risco de que outros venham a praticar ato igual ou de maior gravidade atendendo à sugestão de seu “líder”.
O Partido dos Trabalhadores irá exigir que providências sejam tomadas. Não se pode aceitar que um candidato à Presidência da República faça tão grave ameaças e nada lhe aconteça.
Na tarde desta segunda-feira, o PT do Acre representou contra ele Polícia Federal e no Ministério Público Federal. O mesmo também foi feito pela Direção Nacional do partido, que está temerosa com os rumos que a eleição deste ano está tomando. Também está sendo exigido proteção às suas principais lideranças no Acre e no País. Nunca se sabe o que pode vir a partir da orientação de quem prega tanto ódio.
Entendemos que seja fundamental que as cortes eleitorais se posicionem, posto que a candidatura desse senhor conspira contra a democracia. É inaceitável que Bolsonaro continue com esse tipo de campanha.
Nós, do PT, não vamos aceitar que esse ódio ameace as nossas vidas, a vida dos cidadãos brasileiros, porque essa é uma ameaça a todos. Não podemos tolerar que o fascismo volte a se instalar no País. Vamos defender a democracia e a paz para nos todos que já sofremos com tanta violência no Brasil.
* André Kamai é sociólogo e presidente do Partido dos Trabalhadores no Acre.