Como assinalou com acerto um respeitável jornal francês, “as eleições no Brasil neste domingo serão realizadas em um ambiente tóxico”, com o país dividido e conflagrado pela intolerância e até mesmo pelo ódio.
Tomara que não, que ainda prevaleça o bom senso, mas tudo pode acontecer e não adianta tergiversar ou negar. Os responsáveis por essa conjuntura institucional e política são os mentores e executores do golpe parlamentar que retiraram do poder uma presidente da República legitimamente eleita e colocaram em seu lugar – esta sim – uma “verdadeira organização criminosa” que aprofundou ainda mais a crise econômica, jogando o país no caos.
Parte da culpa cabe também a alguns setores do Poder Judiciário, inclusive da mais alta Corte do país, que foram omissos e coniventes com o golpe e com os desmandos de outra “organização” que, a pretexto de combater a corrupção, escolheu a dedo suas vítimas e mantém em seus cárceres como “preso político” um ex-presidente da República que vinha despontando em primeiro lugar em todas as pesquisas.
Neste vácuo, surge um candidato desqualificado, que não esconde sua ideologia neofascista destilando todo tipo de preconceito contra as minorias, as mulheres e, em se tratando de governar o país, “não sabe a diferença entre a dívida pública e uma pistola”.
Como se disse, resta a esperança que ainda prevaleça o bom senso, porque “urna não é lugar para depositar o ódio; urna é lugar para depositar a esperança”, como bem assinalou um dos candidatos a presidente, Fernando Haddad.