Num “ambiente altamente tóxico”, como definiu um jornal francês, marcado pela intolerância e pelo ódio, os brasileiros retornam às urnas neste domingo para eleger, em segundo turno, o novo presidente da República e tudo pode acontecer.
A julgar pelos números das últimas pesquisas, resta ainda a esperança de uma “virada”, como se está assinalando nos meios de comunicação, segundo a qual, o candidato Fernando Haddad poderia reverter os resultados e vencer a eleição.
Do contrário, com a eleição do outro candidato, Jair Bolsonaro, como assinalou o jornal francês Les Echos, “o Brasil mergulhará no obscurantismo, abrindo as portas do inferno”.
Pelo seu passado e, sobretudo, pelas suas ideias tipicamente fascistas, racistas, misóginas, expressas sem nenhum pudor ao longo da campanha, a impressão que se tem é a de que, depois de três décadas de democracia, “o Brasil não foi feito para a civilização”, se eleger um presidente da República com essa ficha corrida.
A rigor não há nenhum exagero nessas duras afirmações, a julgar pelo que se está assistindo com as declarações de um dos filhos do candidato e nesses últimos dias com um coronel do Exército afrontando, desafiando e denunciando ministros da Suprema Corte do Judiciário.
Mas, como se disse, resta ainda uma tênue esperança de que poderá acontecer a tal “virada”. Se não ocorrer, de nada adiantará depois as elites e outros setores como o próprio Poder Judiciário lamentar ou pedir desculpas, porque contribuíram para desfecho trágico com a sua omissão e, em alguns casos, com sua conivência.