No estado, que tem mais de 10 mil professores, entre efetivos e provisórios, uma nova geração de profissionais vem promovendo uma verdadeira revolução na forma de ensinar, sobretudo porque sentem que estão sendo valorizados em todos os aspectos. E o governo do Acre não mediu esforços ao longo desses anos para investir na categoria.
Um levantamento do Departamento de Pessoas, da Secretaria de Estado de Educação e Esporte (SEE), mostra que, entre os anos de 2010 e 2018, o aumento salarial foi de até 72% para a categoria.
Em 2010, por exemplo, o professor P2, de carga horária de 30 horas, recebia R$ 1.675,80. Em 2018, passou para R$ 2.402,80, aumento de 43%. (Veja a tabela completa).
Nesse mesmo período, 1.968 novos professores foram contratados em concurso público e houve um aumento de mais de R$ 311 milhões na folha de pagamento, um acréscimo de 74,5%.
Essa valorização permite ganhos consideráveis na forma como os professores trabalham seus conteúdos com os alunos.
Quando a próxima administração estadual assumir, em 2019, encontrará profissionais compromissados com o ofício e dispostos a ousar sempre, em prol da comunidade onde trabalham.
Um exemplo é de Daniel Gomes, professor de física na escola Professora Heloísa Mourão Marques, no bairro Aeroporto velho.
Se Copérnico ou Galileu estivessem vivos e pudessem assistir a uma aula de Gomes, com certeza, ficariam boquiabertos com a facilidade com que seus alunos assimilam os conteúdos de astronomia.
O projeto Astronomia Aberta, idealizado como atividade paralela aos estudos teóricos da disciplina, trabalha questões como a existência de vida fora da terra, o funcionamento de um buraco negro, de que é formada uma estrela, um asteroide e como funcionam as galáxias, de um modo praticamente lúdico.
E acredite: as duas horas-aulas que ele tem na escola não foram empecilho para ele.
“Como eu tenho 13 turmas e praticamente nenhum tempo extra pela manhã, resolvi me dedicar aos alunos no contraturno. Reuni algumas lunetas cedidas pela Ufac, preparei vários vídeos sobre o Universo e começamos a caminhar, eu e os estudantes que se interessaram pela matéria, desvendando novas oportunidades de conhecimento pela prática”, conta o professor, que é formado em Física pela Universidade Federal do Acre e aprovado no concurso público da SEE em 2014.
Os alunos do 1º ao 3º ano se empenham em fazer o melhor, buscando explorar cada vez mais as novas possibilidades de aprendizagem. Entre eles está Gabriele Bezerra, 17 anos, do 2º ano.
“A forma como ele explica, por exemplo, o movimento de rotação e translação da terra ou o que contém uma estrela é muito divertido, quando ele usa documentários”, diz a jovem.
Na escola José Ribamar Batista, também no Aeroporto Velho, jovens cientistas, sob a tutela do professor Fernando César Rivarola Ramirez, também da cadeira de Física, se especializam em robótica experimental para participarem do First Lego League, o FLL, maior festival de robótica do mundo, cujas eliminatórias serão realizadas em São Paulo, em novembro deste ano.
Para trabalhar com uma turma de 15 estudantes, o professor sensibilizou a direção da escola a reativar o laboratório, que estava servindo de almoxarifado. Ali, ele trabalha com a garotada na construção de experimentos. Embora tenha obtido o apoio da Escola Sesi, Ramirez se orgulha de seus alunos pela capacidade da reinvenção.
“Pedimos sempre que tragam alguma coisa que não presta mais em casa, seja uma fonte de celular, um disco rígido quebrado de computador, um capacitor velho ou circuitos integrados e placas de imãs. São quinquilharias que, em vez de serem jogadas no lixo, são reutilizadas por uma boa causa, a ciência da robótica”, ressalta o docente.
Acre segue com o melhor desempenho no Ideb
Políticas públicas integradas, investimentos em infraestrutura física das escolas e a qualificação de professores, entre outras ações executadas pelo governo do Estado, permitem que hoje o Acre continue a celebrar avanços nos indicadores de educação, como confirmam os novos números divulgados pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Todos os municípios do Acre alcançaram a meta do Ideb projetada para o ensino fundamental, de acordo com o resultado divulgado pelo MEC.
O fato coloca novamente o estado como o mais bem avaliado na Região Norte, estando em primeiro lugar entre alunos do 1º ao 5º ano, segundo lugar do Norte no 6º ao 9º e nono lugar, em nível nacional, entre os que mais avançam no ensino médio.
Nos anos iniciais do ensino fundamental, o Acre saiu de uma nota de 3,8 no Ideb em 2007 para 6,1 em 2017, destacando uma grande melhoria em seu sistema educacional nos últimos 10 anos.
“Saímos do último lugar da educação há vinte anos e hoje estamos aqui como o segundo melhor desempenho do Norte e Nordeste do Brasil. Temos escolas simples já alcançando notas além disso. É uma luta dos professores, de todos os trabalhadores da educação, em que meu papel é dizer muito obrigado porque o futuro agradece essa oportunidade que estamos dando para as próximas gerações”, ressalta o governador Tião Viana.
Ainda no Ideb, o estado ultrapassou a meta exigida para as turmas até o 5º ano em nível regional, alcançando a média de 6.1, a mesma em nível estadual, com alunos da mesma série. Nesse mesmo critério, o Acre vem alcançando a média estabelecida pelo Ideb nos últimos seis balanços, desde 2007.