O anúncio do governo de Miguel Díaz-Canel da retirada dos profissionais cubanos do programa Mais Médicos pegou todos de surpresa. Cuba, um governo sempre de cunho mais político e ideológico do que prático para a sua população, alegou que o motivo da medida foi devido a “referências diretas, depreciativas e ameaçadoras” feitas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro.
Não entrando no mérito da questão, o fato é que a saída repentina dos médicos cubanos das unidades de atenção básica pode e certamente irá gerar prejuízo enorme ao fluxo do sistema público de saúde brasileiro, explicitamente já carente de médicos. O anúncio foi súbito, de supetão, como o arrancar doloroso de um curativo na pele.
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, já esboçava esse rompimento com os médicos cubanos no programa. Mas é evidente que não estávamos preparados para isso agora. Não veio em um bom momento. As consequências podem ser grandes. E, na Saúde, é aquela velha história: o que está em jogo é a vida. Não se brinca com isso. Algo deve ser tomado de contramedida.
O grande problema dessa situação toda é que, assim como em outras propostas radicais viralizadas em sua campanha e que agora o presidente eleito começa a voltar atrás, esta aparentemente não tem mais volta. Não é como um ministério que se pode dizer, numa hora, que vai ser extinto, e, momentos depois, se arrepender. O que está feito, está feito.