A não ser pelo fator midiático, a rigor as prisões desses dois deputados pela Polícia Federal não deveriam surpreender, considerando os crimes que teriam cometido – o desvio ou apropriação indébita de R$ 1,5 milhão do Fundo Especial de Financiamento de Campanha e outras ações correlatas.
Não deveriam surpreender porque esse e outros crimes são facilitados por uma legislação eleitoral intrinsicamente nociva, que permite aos partidos e seus candidatos em campanhas eleitorais usar o dinheiro público para todo tipo de trapaças e a sociedade, os contribuintes é que pagam a conta.
Portando, enquanto não se mudar radicalmente essa legislação, esses crimes continuarão acontecendo e o mais grave é que, mesmo investigados e presos, essa mesma legislação ainda permite que o processo se arraste pelas várias instâncias do Judiciário e não admira que serão soltos e assumirão seus mandatos.
Outro ingrediente tão ou mais grave no episódio das prisões desses dois políticos foi o depoimento do governador Tião Viana, convidado a depor como testemunha pela Polícia Federal.
Mesmo mantendo o sigilo do que teria declarado, ele mesmo fez questão de revelar que, durante a campanha eleitoral, compareceu cinco vezes à sede da Polícia Federal para denunciar esquemas de candidatos que estariam sendo apoiados pelas famigeradas facções criminosas.
Isso sim precisa também ser investigado com todo o rigor, considerando a ação perversa que esses grupos criminosos representam para a sociedade.