Muitas e justas homenagens ao arcebispo Dom Moacyr Grechi, que morreu anteontem em Porto Velho/RO, cuja história se confunde com a do Acre durante os 30 anos que aqui viveu e exerceu suas atividades como bispo da Diocese de Rio Branco.
A maioria das mensagens ressalta seu engajamento social em defesa das classes mais pobres e oprimidas, como os seringueiros, posseiros, comunidades indígenas, que ele introduziu no Estado com as comunidades eclesiais de base e em parceria com a criação dos primeiros sindicatos dos trabalhadores rurais.
O que pouca gente sabe, entretanto, é que antes de chegar ao Acre, Dom Moacyr era tido como um religioso e um padre sem engajamento social. Como ele confessara algumas vezes foi a situação de penúria, injustiças e semiescravidão dessas classes que o levou a esse engajamento, sem, evidentemente, jamais abdicar de suas convicções religiosas.
Como se recorda, quando chegou ao Acre, nos primeiros anos da década de setenta, o Estado passava pelo ciclo que ficou conhecido como o da “pata do boi”, durante o qual seringueiros, posseiros e as comunidades indígenas eram expulsos de suas terras, com a anuência e a omissão dos sucessivos governos estaduais e federal, ainda sob o regime da Ditadura Militar.
Foi graças à atuação da Igreja e dos sindicatos rurais que esse processo foi interrompido, mesmo que tenha custado a vida de alguns dos seus líderes, e o Acre não se transformou num imenso deserto, onde talvez nem o gado sobreviveria. Dom Moacyr morreu, partiu, mas seu trabalho, sua memória e contribuição jamais serão esquecidos.