A pandemia do novo coronavírus já está fazendo aquilo que todos os especialistas e os não especialistas previam que iria acontecer, meses atrás. Saiu de controle. Mais de 3,5 milhões e 251 mil mortes a nível global; 108 mil casos e 7,3 mil mortes no Brasil; e 733 casos e 28 mortes no nosso modesto Acre. E esses são só os números oficiais.
As pessoas não param de falar em pico e que não veem a hora de voltar à normalidade, mas a grande verdade é que talvez isso esteja mais distante do que imaginamos. A realidade é outra.
Em Rio Branco, pelo menos, tudo continua quase que normal. Filas gigantes no banco, trânsito cheio de carros, pessoas indo às compras, praticando atividades físicas pelas ruas, curtindo feriadão com amigos. Muitos, atrevo a dizer, uma maioria, não entendeu o significado de cuidados preventivos e de isolamento social. Acham que é só botar uma máscara, e pronto.
O governo parece aquele pai que não sabe o que fazer com o filho: população. Do tipo, já fechei as lojas, já dei dinheiro, interditei parques, comecei a fazer mais exames para ver se dava um susto, e nada adianta. As pessoas continuam saindo. Agora se começa a falar em um tal de lockdown, termo que usam em inglês, acredito, só para ver se dá um impacto popular. O fato é que já passou da hora de enrijecerem o confinamento. E o povo não vai respeitar isso.
O poder público simplesmente não consegue convencer as pessoas a ficarem em casa. Isso é consequência da crise de credibilidade que vivemos. É o preço que se paga pela corrupção, pelo Estado frouxo e ineficiente. As pessoas vão burlar essas medidas se forem tão brandas como as atuais porque já não confiam mais em governos incapazes de lhes proteger.