Impeachment no Brasil é uma combinação de crise econômica mais perda de popularidade por uma razão qualquer + base frágil no Congresso. A cereja do bolo é sempre um fato empírico, que reacenda a “lama da corrupção”. Mas, o “gran finale” vem sempre de uma “traição” dentro da Corte, de um parente invejado ou de um ex afeto político.
Na época do caso Collor, eu já era adulta e mãe, mas admito não me aprofundava em assuntos políticos, hoje pesquiso tudo que escrevo, e é sabido que foi seu irmão Pedro o traidor, por ciúmes da cunhada, a bela Tereza. No episódio da Dilma, o vice ilustrativo e poetinha foi o Judas. No caso de Jair Bolsonaro, um frequentador de sua residência Planaltina, investigado por algum crime que continua protegido dos holofotes.
É briga na Zona! O povo na rua é apenas para “ilustrar” a tal “indignação dos brasileiros”. Serve para fotos na TV e nas mídias sociais e corroborar aquilo que já foi decidido pelas “elites”. Mas, antes do circo ser montado – uma CPI, que mais parece, uma minissérie com vários capítulos, com direção de imagem e ao vivo pela TV Senado para todo o Brasil. Os mais fracos levam a pior, vão até preso, como um reality.
Tem acusação nos jornais etc – há os bastidores, os diretores do roteiro que são aqueles que já sabem qual será o capítulo final. Mas, não podem dar spoiler! Quá-quá-quá. O espetáculo é montado apenas quando já construíram um consenso (por razões que desconheço): o de que irão afastar ou fazer sangrar o incumbente. A entrada em cena de um deputado do DEM é um indício de que talvez o presidente não tenha entregado tudo aos seus consortes. É pessoas da minha bolha, a fome do Centrão, no qual se abrigam fisiológicos de todas as matizes, é africana e exigem seus banquetes em euros – no mínimo!
Enquanto (ainda) esperamos a vacina, sigamos a novela do “pacto pelo alto”. O pacto para sangrar envolve mídias, atores do mercado e atores políticos. Vejamos se o vilão se safará. Mas, para isso, a conta virá, porque existe jantar de graça em Brasília.
Beth Passos
Jornalista