Dois eventos me chocaram, claro que a violência praticada contra a Deputada Federal Joice Hasselman é bem mais grave. Um caso controverso e muito mal explicado. Como é que pode ela ser agredida dentro de casa e o marido dormindo não ouvir nada? Que sono foi é esse? O fato é que as mulheres de todas as classes sociais sofrem agressões, são reprimidas e ameaçadas. Claro que a ação não foi de amadores. Coitada: “não lembro de nada”!!!
Como disse Simone de Beauvoir, “A vida de uma pessoa tem valor quando ela atribui valor à vida das outras, seja por meio do amor, da amizade, da indignação ou da compaixão”.
Agora vamos de Olímpiadas sem público. Coisa mais sem graça o atleta só poder contar com o estímulo do colega, no caso de competição em dupla. Apesar de torcer muito pelo boicote deste mundial esportivo, não posso negar minha paixão pelo esporte. Assisti uma atleta brasileira ganhar no tatame, não lembro a categoria, ao mesmo tempo em que uma dupla brasileira masculina ganhava da Argentina no Vôlei de Praia. Em seguida outra dupla brasileira feminina também ganhava bonito na mesma categoria. Depois a seleção campeã olímpica brasileira de quadra também ganhou. Foram vitórias maravilhosas em face ao momento ruim que o Brasil atravessa.
Curiosa e feminista fui procurar fotos e nomes das gigantes brasileiras e, pasmem, até as 2 horas da manhã só haviam publicado fotos dos homens. Das mulheres, nenhuma foto, apenas notinhas de rodapé. Que ódio!
Que a instituição midiática naturalize a força e a garra das mulheres. Já passou da hora dessas valorosas guerreiras receberem o merecido destaque. Minha raiva amenizou quando deram o devido valor a grande jogadora Marta, que mesmo perdendo para a Holanda foi devidamente ouvida e respeitada junto as colegas da seleção feminina de futebol pelos repórteres. Já os espetáculos proporcionados pelas também maravilhosas atletas Rebeca Andrade se classificando ao som do autêntico som da favela brasileira e Rayssa Leal, de apenas 13 anos, que precisou ganhar a Medalha de Prata à custa de muito talento e suor, para terem suas biografias e fotos imediatamente na mídia, e diga-se mais que merecidamente.
Enfim, a maioria das competições esportivas foi criada com base no desempenho do corpo masculino. Quando, após muita luta as mulheres conseguiram ingressar nas competições, foi feita uma divisão sexual e assim surgiu a categoria feminina justamente para que as disputas fossem justas e seguras. Vamos falar agora de um caso que tem tomado a imprensa nos últimos dias. Kuinini Manumua é uma halterofilista de 21 anos da Nova Zelândia. Ela é a atleta que apresentava o melhor desempenho e estava pronta para competir em sua primeira Olimpíada (a deste ano). No entanto, Laurel Hubbard, um halterofilista de 43 anos que se diz mulher, roubou a vaga de Kuinini nas Olimpíadas ao apresentar desempenho superior ao dela.
Quando competia na categoria masculina, seu desempenho não chegava a ser mediano. Ele nunca ganhou ouro numa competição com homens. Mas aos 39 anos, quando começou a se auto identificar mulher, em um ano “conquistou” os 3 ouros do Campeonato da Oceania. Tomar hormônio não altera a capacidade pulmonar, a força física ou a resistência. O corpo continua tendo a mesma estrutura porque o sexo biológico é imutável. Tanto é verdade que não vemos mulheres que se auto identificam homens (e que tomam testosterona) tendo desempenho esportivo superior aos dos homens.
Não é curioso que a suposta inclusão da diversidade signifique a exclusão e o apagamento das mulheres? É importante lembrar que ninguém quer excluir os homens dos esportes, a categoria masculina sempre esteve lá disponível para eles. Inclusive com muitas oportunidades tanto de treino, quanto de patrocínio, competição, remuneração e reconhecimento social. Já as atletas do sexo feminino sobrevivem com parcos recursos.
O sexo só não importa (é o que dizem) para a casta sexual que sempre esteve dominante e usa de violência e coerção para manter seus privilégios às custas de metade da população. Incluir homens nos esportes femininos significa excluir mulheres e para isso só há uma palavra: misoginia. Sendo assim, agora mais do que nunca é preciso defender os direitos humanos de meninas e mulheres. Nós temos direito a competições esportivas justas e seguras. Salvem os esportes femininos!
Beth Passos
Jornalista