O deputado federal Eduardo Bolsonaro, que esteve na comitiva do governo em Nova York no início da semana, disse nesta sexta-feira, 24, estar com covid-19. Nos Estados Unidos, o filho do presidente não cumpriu agenda oficial, mas acompanhou o pai e ministros em seus compromissos, foi às compras na 5ª Avenida e visitou, sem máscara, a sede do aplicativo pró-Trump GTTR.
Nas redes sociais, o parlamentar usou seu diagnóstico para levantar dúvidas sobre a efetividade das vacinas contra covid e criticar o passaporte sanitário, driblado pela comitiva durante a viagem. Segundo Eduardo, seu teste positivo para covid descredibilizaria a exigência da vacinação para acessar ambientes, dado que, mesmo vacinado com a primeira dose, ele foi infectado. Os imunizantes, porém, não impedem a infecção, e seu principal benefício é evitar que a doença evolua para casos graves. “Sabemos que as vacinas foram feitas mais rápidas do que o padrão”, ele publicou em sua conta no Twitter. “Tomei a primeira dose da Pfizer e contraí covid”.
Eduardo Bolsonaro não divulgou os eventos aos quais compareceu durante os dias em que esteve em Nova York. A agenda do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, porém, mostra que o parlamentar participou de jantar na residência do embaixador do Brasil Junto à ONU, Ronaldo Costa Filho, na segunda-feira, 20.
Na ocasião, estiveram presentes também os ministros Anderson Torres, da Justiça e Segurança Pública; Gilson Machado, do Turismo; Carlos Alberto França, das Relações Exteriores; e Joaquim Leite, do Meio Ambiente.
No mesmo dia, mais cedo, Eduardo foi vaiado enquanto fazia compras na loja oficial da Apple na 5ª Avenida. Diferentemente do que faz usualmente, o parlamentar usava máscara enquanto fazia compras.
Também no dia 20, o deputado almoçou com o pai em um “puxadinho” montado pela churrascaria Fogo de Chão, administrada por brasileiros. Para driblar a exigência de vacinas em restaurantes de Nova York, o estabelecimento montou uma área reservada na calçada para atender a comitiva. Além do presidente e de seu filho, participaram do almoço os embaixadores Ronaldo Costa e Nestor Forster; os ministros Torres, Machado, França e Leite; o secretário especial de Assuntos Estratégicos da Presidência, Flávio Rocha; e o lutador de Jiu-Jitsu Renzo Gracie.
No dia 21, sem máscara, o filho 03 do presidente Bolsonaro visitou o escritório da rede social GTTR, alternativa conservadora ao Twitter criada por Jason Miller, ex-auxiliar e porta-voz de Donald Trump. Sem seguir recomendações de distanciamento, Eduardo tirou fotos com funcionários no local. O parlamentar aproveitou a visita para gravar um vídeo pedindo desculpas a Miller, que não estava presente no encontro e dias antes havia sido levado a depor na sala da Polícia Federal no Aeroporto de Brasília, no âmbito do inquérito das fake news, comandado pelo ministro Alexandre de Moraes.
Além de Eduardo, outros integrantes da comitiva também contraíram covid. Testaram positivo para a doença o ministro Marcelo Queiroga, da Saúde, e um funcionário da Presidência que não teve sua identidade revelada. Após contrair a doença, Queiroga foi colocado em isolamento por recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e deve continuar hospedado em Nova York nos próximos dias.
A passagem da comitiva de Bolsonaro por Nova York foi marcada por protestos na entrada e saída de eventos e por atitudes negacionistas em relação à pandemia. As manifestações contra o governo foram ridicularizadas tanto pelo presidente, que chamou os críticos de “acéfalos”, quanto por Eduardo, que criticou os manifestantes em vídeo postado nas redes sociais.