Francisco de Assis continua exercendo um grande fascínio na humanidade até o dia de hoje. Não somente os cristãos sentem-se atraídos por ele, mas todos os homens e mulheres retos, de boa vontade. Ele andou inventando um jeito de ser cristão muito próximo do Evangelho. Há uma família franciscana que vive o Evangelho à maneira do Poverello e Clara. Frades, leigos e leigas, religiosas que se inspiram em Clara e tantas outras irmãs com espiritualidade franciscana: trabalho que não cessa com formação, retiro, dias de estudo, leitura, cultivo de uma delicadeza de consciência.
Francisco, desde que foi tocado pelo alto, começou a trilhar caminhos novos. Foi sendo transformado em todo o seu ser. E que ser! Os relatos de Celano e dos Três Companheiros permitem que sigamos, ou ao menos vislumbremos, o radiante processo de transformação operado numa das mais belas almas que a humanidade já conheceu.
Somos cristãos. Desde nossa infância fomos levados a ser católicos. Prefiro a palavra cristão. Sacramentos, missa, procissões, ladainhas, liturgia, terço, catequese, pastorais, serviços, movimentos, vida consagrada! Tudo isso fez e faz parte de nossa vida. Sempre de novo, no entanto, somos chamados a nos interrogar sobre a qualidade de nosso ser cristão. O que é ser cristão? E hoje? Tudo mudou… Os tempos modernos pedem que sejamos discípulas e discípulos missionários. O Papa Francisco insiste que sejamos uma Igreja em saída, gente que se dirige às periferias existenciais para recolher os jogados à beira do caminho. Cristãos? Como formar nossa identidade cristã? Muito difícil responder a essa pergunta. Não paramos de nascer. Nunca acabamos de nascer para a fé. Nascer de novo, como foi dito a Nicodemos. Temos alegria em viver como cristãos? Temos interesse de ler autores de espiritualidade?
Mais que celebrar nosso pai São Francisco, ele nos convida a cada instante e segundos a seguir o Cristo que nos revela quanto Deus pensa alto a respeito do ser humano, precisamente porque Ele próprio veio percorrer os caminhos humanos para fecundar nossa humanidade, nosso coração, por meio de um amor criador e libertador e desta forma dilatar o horizonte do Reino de seu Pai.
Os filhos e filhas de Francisco, em diferentes modalidades, são convidados a conquistar a liberdade interior do “peregrino em estado de êxodo” rumo ao Reino, a lembrar que a Igreja não existe para si mas para ser um caminho que orienta a humanidade na direção dos tesouros do Espírito de Deus: um Deus que, longe de nos desviar de nossos compromissos humanos lhes fornece, ao contrário, sentido e densidade. Francisco nos convida a inventar espaços de oração, de revigoramento espiritual, de ruminação da Palavra, da partilha da vida e das preocupações de cada um.
E São Francisco é nosso modelo exemplar de vida ofertada, de um despojar inteiramente em Deus, abandonando tudo com confiança de que o Pai fará o melhor. E tem muito mais que podemos aprender com este santo. Elencamos 10 coisas que podemos aprender com ele e termos uma vida diferente como ele mesmo viveu e nos ensinou. Será que conseguimos? Mas quero desafiar a você, querido(a) leitor(a). Vamos lá?
- Viver despojado
São Francisco de Assis abriu mão de tudo o que possuía e descobriu no despojamento seu caminho para a liberdade. Trata-se de saber viver com pouco e usar bem o que se tem (inclusive o dinheiro). É buscar o essencial, despojar-se de tantas coisas supérfluas e inúteis que acabam nos sufocando.
- Respeitar a natureza
Conhecido como protetor do meio ambiente e dos animais, Francisco nos recorda mais do que simplesmente não cortar árvores: é ser corresponsável por nossa “casa comum” e saber encantar-se com sua beleza e seu Autor.
- Não ao desperdício
Como recorda o Papa Francisco, “o alimento que jogamos fora é como se o tivéssemos roubado da mesa de quem tem fome”. O Pobre de Assis nos ensina que é preciso ter a coragem de “andar contra a corrente do provisório, da superficialidade e do descartável”.
- Consciência solidária
Viver despojado, respeitar a natureza e não desperdiçar os bens tem também esta dimensão solidária. Francisco orientava os outros frades a cuidarem uns dos outros “como uma mãe” (e como faz uma mãe, guardar o melhor para o filho!). Tudo o que lhes era doado era repartido também com os pobres.
- Fiel ao que acredita
São Francisco viveu em um tempo turbulento da história da Igreja e soube reformá-la sem abandoná-la. Em momentos de crise, não devemos abandonar aquilo que acreditamos ou aqueles que amamos. Isso sim muda o mundo! Esta é a verdadeira revolução!
- Perdoar sempre
Francisco dizia que Deus não havia encontrado nenhum pecador mais vil e insuficiente do que ele, e Deus então o escolheu! A consciência de ter sido largamente perdoado nos ajuda a perdoar também.
Conta-se também que um dia, ao ouvir irmãos que falavam mal de um terceiro, Francisco repreendeu-os e recomendou que, ao invés de expô-lo ao frio da impiedade e julgamento, deveriam cobri-lo com o cobertor do amor discreto e compassivo, que crê e espera sua conversão e suporta suas fraquezas. Afinal, somos todos necessitados de perdão!
- Ter amigos
“Quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro” (Eclo 6,14). Um dos tesouros de Francisco era a fraternidade. Muitos de seus amigos, como também Clara de Assis, também o seguiram na via da pobreza. Rapazes e moças queriam encontrar a alegria e a paz que estranhamente invadia aqueles pobres frades. A amizade brota quando compartilhamos o que existe de mais belo na vida.
- Uma coisa de cada vez
Francisco dizia: “Faça poucas coisas, mas as faça bem.” Isso é muito útil particularmente hoje, onde dividimos nossa atenção com tantas coisas ao mesmo tempo. Nunca tivemos tantos amigos e seguidores, e nunca sofremos tanto com a solidão. Falando em desconexão, Santa Clara de Assis (amiga de Francisco) é a padroeira dos meios de comunicação e pode nos ajudar também a usá-los bem!
- Viver agradecido
Uma das maiores marcas de Francisco era sua alegria e gratidão. Agradecia por tudo, agradecia a todos, inclusive a quem lhe negava um farelo de pão. Ninguém tira a paz de quem tem descobriu a verdadeira felicidade!
- Saber olhar pro céu
Francisco costumava deitar na grama e admirar o céu. Precisamos sair um pouco da vida virtual para contemplar aquilo que há de mais belo ao nosso redor. Olhando para o céu, Francisco contemplava o infinito e o seu Criador. Mesmo nas grandes cidades, há sempre uma brecha para ver o azul, então vale uma pausa todo o dia!
Que São Francisco de Assis nos inspire a tornar este mundo melhor!
Viva São Francisco de Assis!
Paz e Bem
Adaptado conforme: https://franciscanos.org.br/carisma/o-que-andamos-fazendo-de-nossas-vidas.html#gsc.tab=0 e https://comshalom.org/10-coisas-para-aprender-com-sao-francisco/
Frei Paulo Roberto, Ordem dos Frades Menores Capuchinhos – OFM Cap.
Pároco da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida-Quitandinha-Petrópolis-RJ
Colaborador da Ordem Franciscana Secular-OFS, Fraternidade São Padre Pio,
Diocese de Rio Branco-AC.