O Natal do menino Jesus, nos mostra e põe desnudo que, mesmo estando para lá da era cibernética, o homem, a sociedade ou o mundo continuam carentes de mudanças na estrutura social. Significa dizer que apesar do avanço tecnológico, científico e das grandes realizações, notadamente, no mundo urbano, o homem, enquanto sociedade é um brucutu em questões e formas de sociabilidade. A sociedade, aos olhos de qualquer leigo, na hipótese de ser comparada a um edifício, está com sua base, inteiramente comprometida, produto duma arquitetura confusa e, por conseguinte, necessitando de indispensáveis reparos, sob pena de desabar a qualquer hora.
Hoje, apesar de tantos anos de aprendizado, os homens continuam tão ou mais cruéis, em relação ao seu próximo, do que os bárbaros mongóis medievais, que sem dó nem piedade e fúria pertinaz, matavam, destruíam e saqueavam sem misericórdia. Estamos criando um sistema maligno que tende a nos escravizar perpetuamente. Somos lobos uns dos outros, resultado duma atitude egoísta e fator responsável pelas guerras, pelos conflitos e situações prejudiciais a todos.
Num mundo terráqueo assim, permeado de desigualdades, o melhor presente de Natal, quiçá, seria enfeitar a base da árvore da vida de cada ente, com reflexões que façam eco sobre nossas ações passadas e presentes; que depois da noite de Natal, antes mesmo do raiar do sol, possamos começar uma caminhada de volta em prol da dissipação total dessa situação prejudicial, desumana, avassaladora, acintosa ao homem e seu hábitat.
Que o Natal, deste cansado 2021, traga um novo amanhecer, novos começos, para nós seres humanos e desumanos, nos mostrando que somos propensos a emoções; somos sensíveis aos apelos oriundos das tradições que nos estimula a AMAR, a ter PAZ e a exercer IRMANDIDADE universal.
Um novo amanhecer de luz irrompendo neste mundo caos, minimizando pelo menos por algumas horas a escuridão social em que estamos aferrados. Sociedade: que a cada dia se afasta dos contratos sociais; que vive distante das comunidades vitais e aquém da comunidade jurídica e; carente duma fraternidade movida pelo amor.
Que este Natal venha estimular aquilo que é mais característico e predominante nas atitudes e sentimentos dos indivíduos, de um povo, grupo ou comunidade, e que marca suas realizações e manifestações culturais. Afinal, na visão clássica do cristianismo e seus seguidores, Natal é muito mais do que ganhar e dar presentes: é um novo amanhecer de esperança, certeza de dias melhores, humildade e fraternidade.
Assim seja!
*HUMANISTA E-mail: [email protected].
“Um novo amanhecer de luz irrompendo neste mundo caos, minimizando pelo menos por algumas horas a escuridão social em que estamos aferrados.”