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Projeto financiado por instituto francês vai remunerar mais de 200 famílias acreanas pela preservação de florestas

Projeto financiado por instituto francês vai remunerar mais de 200 famílias acreanas pela preservação de florestas

renda da floresta foto (Alexandre Morais)

Projeto financiado por instituto francês vai remunerar mais de 200 famílias acreanas pela preservação de florestas
A iniciativa faz parte de um projeto de pesquisa financiado pelo INRAE, um instituto francês de agricultura e meio ambiente, e realizado em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e a ONG SOS Amazônia. (Foto: Alexandre Morais)

Cerca de 220 famílias dos municípios de Tarauacá e Feijó, interior do Acre, vão participar do projeto “A Renda da Floresta”, que vai pagar os agricultores que conseguirem conservar a floresta de suas terras, durante um ano. A ideia é que a ação possibilite a redução das taxas de desmatamento e mantenha a renda dos moradores locais.

A iniciativa faz parte de um projeto de pesquisa financiado pelo INRAE, um instituto francês de agricultura e meio ambiente, e realizado em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e a ONG SOS Amazônia, do Acre. De junho a dezembro deste ano, foi realizado o levantamento, cadastro e sorteio das famílias participantes e, a partir de janeiro de 2022, as áreas começam a ser monitoradas.

Por meio do Cadastro Ambiental Rural (CAR), os pesquisadores conseguiram identificar e cadastrar 460 famílias, das quais 220 foram selecionadas e firmaram um acordo voluntário para participar do projeto, realizado pelas pesquisadoras Julie Subervie e Gabriela Demarchi.

“O pagamento é condicional, só recebe se cumprirem o acordo de conservação. Vamos monitorar as áreas por imagens de satélite, e, com o CAR, a gente confirmou com cada proprietário o limite da propriedade rural dele. Em cima desses limites, a gente vai avaliar a situação da floresta ao longo desses 12 meses”, explica Cauê Carrilho, doutor em ciência ambiental e coordenador do trabalho de campo do projeto.

Projeto financiado por instituto francês vai remunerar mais de 200 famílias acreanas pela preservação de florestas
“A lógica é que você consiga compensar a perda econômica para esse programa funcionar”, explica Cauê Carrilho. (Foto: Alexandre Morais)

O valor que cada família deve receber será, em média, R$ 5 mil e vai variar de acordo com a realidade de propriedade de cada uma. Carrilho explica que, durante o processo de cadastramento e negociação, eles buscaram compreender o quanto aquela família poderia ganhar, caso desmatasse aquela vegetação, seja para agricultura ou pecuária, para calcularem o valor.

“A lógica é que você consiga compensar a perda econômica para esse programa funcionar, ou seja, para que valha a pena, pelo menos naquele período, para a família reduzir o desmatamento dela. Eles não precisam reflorestar outras regiões, apenas preservar a mata, não fazer derrubada. A ideia é que eles continuem produzindo, nas áreas que eles já tem abertas”, comenta Cauê.

Projeto financiado por instituto francês vai remunerar mais de 200 famílias acreanas pela preservação de florestas
Famílias foram selecionadas nos municípios de Feijó e Tarauacá. (Foto: Alexandre Morais)

Após o ano de monitoramento, a segunda parte do projeto consiste na análise dos dados e constatação ou não da eficácia do programa. “A expectativa é que a gente tenha evidências, cientificamente coletadas, que ajudem a  entender o real efeito desses pagamentos por serviços ambientais no desmatamento”, afirma o pesquisador.

Segundo Carrilho, tal política vêm sendo implementada a anos tanto no Brasil, como em outros países. “Nossa ideia é fazer um estudo para estimar se, de fato, uma vez que você paga, isso realmente ajuda a pessoa a se manter e a reduzir o desmatamento. O que poder ser mais uma política ambiental de cooperação com os agricultores”, comenta.

Projeto financiado por instituto francês vai remunerar mais de 200 famílias acreanas pela preservação de florestas
Das 460 famílias cadastradas, cerca de 220 foram selecionadas e firmaram um acordo voluntário para receber valor em dinheiro, se mantiverem o remanescente de floresta de suas propriedades em pé, por um ano.(Foto: Alexandre Morais)

 

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