A ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Nancy Andrighi determinou, na tarde desta quarta-feira, 2, a soltura da ex-chefe de gabinete do governador do Acre, Gladson Cameli, Rosângela Gama Pequeno, presa desde o dia 22 de dezembro de 2021, na segunda fase da Operação Ptolomeu.
Ela estava detida na unidade prisional que fica no Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), em Rio Branco, após ter a prisão preventiva decretada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que determinou ainda a instauração de novo inquérito policial visando a apuração do crime de obstrução de investigação. Segundo informações preliminares, Rosângela está, nesta quarta-feira, 2, no hospital Santa Juliana, onde se recupera de sintomas da Covid-19.
A prisão foi mais um capítulo da Operação Ptolomeu, que investiga supostos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro por membros ligados ao governo do Acre. Rosângela era tida com uma das principais pessoas da confiança do governador e foi exonerada um dia após a prisão.
Sobre a operação
A Polícia Federal (PF), com apoio da Controladoria Geral da União (CGU), deflagrou no dia 16 de dezembro de 2021 a Operação Ptolomeu, que investiga os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, envolvendo empresários e agentes políticos ligados ao Poder Executivo estadual acreano.
Segundo a PF, o grupo atuava no desvio de recursos públicos, bem como na realização de atos de ocultação da origem e destino dos valores subtraídos. A investigação tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Na oportunidade, foram cumpridos 41 mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão em quatro estados, nas cidades de Rio Branco/AC, Cruzeiro do Sul/AC, Manaus/AM e Brasília/DF. O STJ determinou também o bloqueio de, aproximadamente, R$ 7 milhões nas contas dos investigados, além do sequestro de veículos de luxo supostamente adquiridos com o proveito dos crimes.
A apuração, fruto de inquérito policial instaurado e instruído no âmbito da Polícia Federal do Estado do Acre, reuniu vasto conjunto de elementos probatórios que demonstram o aparelhamento da estrutura estatal com a finalidade de promover diversos crimes contra a administração pública.
Nesse sentido, foram identificadas dezenas de transações financeiras suspeitas em contas correntes, pagamentos de boletos de cartão de crédito por pessoas interpostas, transações com imóveis de alto valor e aquisições subfaturadas de veículos de luxo. Verificou-se, ainda, a prática constante de altas movimentações de valores em espécie, inclusive com uso do aparato de segurança pública (às 14:11 desta quinta-feira, 16, a Polícia Federal corrigiu esta informação afirmando que, na verdade, eram utilizados profissionais da área de segurança pública, e não o aparato da mesma).
A CGU apurou que as empresas envolvidas possuem um grande volume de contratos com o poder público. O valor total empenhado para sete empresas foi de R$ 142 milhões, durante o período analisado, sendo 17 milhões oriundos de convênios federais e repasses do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).
Os valores movimentados pelos envolvidos ultrapassam R$ 800 milhões, montante totalmente incompatível com o patrimônio e a atividade empresarial dos investigados. O STJ também determinou o bloqueio de aproximadamente R$ 7 milhões nas contas dos investigados, além do sequestro de veículos de luxo adquiridos com o proveito dos crimes.