A grande maioria dos brasileiros continua sendo contrária à legalização do aborto. De acordo com recente pesquisa do Instituto Vox Populi – encomendada pelo Portal iG – a grande maioria dos entrevistados (80%) é contra mudanças na normativa jurídica que regula o tema.
O aborto mata um ser humano em gestação; é um atentado contra um ser indefeso, uma covardia. Ainda que tenha havido uma concepção por estupro, não se justifica esse mal, pois a justiça deve punir o agressor e não a criança, tirando-lhe a vida. Ainda que uma criança esteja sendo gerada com alguma deficiência, não se justifica matá-la; ao contrário, as verdadeiras civilizações se caracterizam por proteger os mais fracos, e não por os matar.
O Catecismo da Igreja Católica sempre zelou pela vida humana, e com isso esclarece que, “Desde o século I, a Igreja afirmou a maldade moral de todo aborto provocado. Este ensinamento não mudou. Continua invariável. O aborto direto, quer dizer, querido como um fim ou como um meio, é gravemente contrário à lei moral” (CIC §2271).
Também o Código de Direito Canônico, quando trata sobre a temática do aborto, faz as seguintes afirmações: “Os fetos abortivos, se tiverem vivos, sejam batizados, enquanto possível” (Cân. 871). O Código continua ainda: “Quem provocar aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão “latae sententiae’” (Cân. 1398).
O documento do Papa Paulo VI, Gaudium et Spes, na parte sobre o respeito da pessoa humana, apresenta o seguinte: “tudo quanto se opõe à vida, como seja toda a espécie de homicídio, genocídio, aborto, eutanásia e suicídio voluntário […]” (GS 27) vão contra a dignidade da pessoa humana e ofendem gravemente a Deus. Continua ainda: Deus, que é o autor da vida, confiou aos homens o encargo de preservá-la, com isso, “o aborto e o infanticídio são crimes abomináveis” (GS 51).
Existem grupos feministas que lutam, e com razão, pelo reconhecimento dos direitos das mulheres querendo libertá-las da opressão machista? Pode ser que sim, mas a tese delas esbarra numa dificuldade quando querem propor o aborto como direito da mulher, pois o aborto, mesmo quando praticado por médico e dentro das melhores condições de higiene e segurança, é sempre uma derrota para a auto-estima da mulher, causando graves depressões que resistem aos fármacos, anorexia, bulimia e até aumentando as taxas de tendência ao suicídio.
As feministas apelam para o direito à liberdade de escolha da mulher, mas este direto vale enquanto não entra em conflito com um direito mais importante e fundamental, que é o direito à vida de outro ser humano, o embrião ou o feto. Com efeito o ser humano com vida, ao qual é negada a liberdade, ainda tem chance de recuperá-la. Mas o ser humano, ao qual é negada a vida, não tem mais chance alguma.
O princípio a que as feministas se apegam: “o corpo é meu e com ele faço o que bem entendo” é plenamente correto, mas não se aplica no caso do aborto.
E recentemente, testemunho da atriz Cássia Kis, de 65 anos, no programa “Encontro” surpreendeu positivamente os brasileiros. Para a apresentadora Fátima Bernardes, a atriz revelou que já fez um aborto, se arrependeu e se tornou uma defensora da vida.
Ela afirmou:
“Eu fiz um aborto, não foi um aborto espontâneo. Isso mudou muito da minha vida. Hoje eu sou uma madrinha que defende a vida, que protege a vida. As mulheres que querem fazer aborto, eu corro atrás para não fazer”.
Cássia Kis também afirmou que a “a vida católica é linda” e, em rede nacional, valorizou o catolicismo:
“A fé só existe no catolicismo. Não é um encontro, é ver a verdade, é estar dentro da verdade”.
Neste mesmo cenário, vemos também a cantora Elba Ramalho, de 70 anos, que fez aborto na juventude e se arrependeu. Em uma entrevista de 2012, ela falou sobre sua conversão e como se tornou pró-vida:
“Foi pela Misericórdia de Jesus que eu fui resgatada do peso de ter feito aborto. Ele me disse: ‘Agora vá defender vidas’. Por isso eu me juntei ao movimento pró-vida”.
Em outra entrevista, Elba Ramalho já havia dado um poderoso conselho às mulheres que pensam em abortar:
“[Não aborte] em nenhuma, em nenhuma questão, de estupro, de nada! Você assuma seu filho. É uma vida que tem dentro de você, é o seu filho. Compreenda a Deus, que Deus tem várias formas de falar com a gente. Não é só pelo ‘bem-bom’, como a gente quer… Ninguém quer ter dor, angústia, sofrimento. Deus ensina a gente muito pela dor, muito por situações adversas. Não mate seu filho achando que você pode, está liberado, a sociedade permite, as leis… As amiguinhas modernas vão te aconselhar a fazer, às vezes até o marido, às vezes o namorado, que diz ‘Se você ficar com a criança eu vou te largar’… Deixa ele ir. Deus vai te colocar outro melhor. Em circunstância nenhuma, nunca cometa esse ato atroz, terrível, triste, que tanto magoa e fere o coração de Deus”.
Eu termino estas linhas com as palavras de nosso querido Papa Francisco: “Por que a Igreja se opõe ao aborto? É um problema religioso? Não, não é! Não se trata de um problema religioso. É um problema filosófico? Não! Não é um problema filosófico. É um problema científico, porque se trata de uma vida humana, e não é lícito eliminar uma vida humana para resolver um problema”.
Por fim, é importante lembrar que aquele que afirma ser cristão católico só pode ser católico por inteiro. Com isso, entra em contradição aquela pessoa que se diz católica, mas não concorda com algumas determinações, alguns pareceres da Igreja. A Igreja Católica é fundamentada na Sagrada Tradição, no Sagrado Magistério e nas Sagradas Escrituras. Logo, nós católicos precisamos comungar desses três fundamentos da nossa fé.
Rezemos por inúmeros abortos realizados em nosso país, bem como por esses anjinhos que não tiveram a oportunidade para se defender, bem como ainda, suas mães, que no fundo, possam existir um singelo arrependimento por tal procedimento.
Adaptado conforme:
https://santuario.cancaonova.com/artigos-religiosos/o-que-igreja-diz-sobre-o-aborto/
Frei Paulo Roberto, Ordem dos Frades Menores Capuchinhos – OFM Cap.
Pároco da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida-Quitandinha-Petrópolis-RJ
Colaborador da Ordem Franciscana Secular-OFS, Fraternidade São Padre Pio,
Diocese de Rio Branco-AC.