A Associação dos Contaminados pelo DDT, que há 12 anos luta pelo reconhecimento dos problemas causados pelo contato com o veneno, realizou uma manifestação anteontem.
Vários ex-guardas da Sucam participaram vestidos com a farda que usavam durante as campanhas de combate a malária. Quatro deles precisaram fazer o trajeto em cadeiras de rodas. Outros bastante enfraquecidos tiveram dificuldades para vencer as três quadras de caminhada do Colégio de Aplicação até a esplanada do Palácio Rio Branco, onde espalharam pelo chão os resultados dos exames e os atestados de óbitos.
De acordo com o presidente da Associação, Aldo Moura, cinqüenta ex- guardas morreram nos últimos seis meses, com suspeita de contaminação pelo DDT e outros setenta e cinco estão gravemente doentes.
A manifestação cumpriu dois objetivos: a de manifestar gratidão ao juiz federal David Pardo pela decisão de obrigar o Estado a disponibilizar gratuitamente os exames e os tratamentos e a cobrança para que a decisão da Justiça Federal tomada cerca de dois meses atrás, comece a ser cumprida.
“Estamos na fila da morte. Não temos tempo para esperar. A morte está levando os companheiros e qualquer um de nós pode ser o próximo”, destacou Aldo Moura, presidente da Associação dos Contaminados pelo DDT.
Vítimas da contaminação e familiares cobram do Governo Federal uma atenção semelhante a que foi dada aos anistiados da ditadura militar. Eles lembram que o governo brasileiro continuou a usar o DDT, afirmando ser inofensivo mesmo depois desse veneno ter sido proibido na Europa e Estados Unidos por causa da gravidade das conseqüências.
“É muito triste ver os companheiros tendo que vir para uma manifestação dessas em cadeiras de rodas por conta do descaso do Estado brasileiro. É de cortar o coração… Propus a eles, uma manifestação em Brasília, no congresso e no Ministério da Saúde. Creio que levando o maior número possível de contaminados do Acre para outros estados, poderemos fazer uma pressão para votar os projetos que podem ajudá-los. O que não dá mais é para conviver com tanto descaso. Temos que envolver toda a bancada e todo o congresso. Esta é uma luta contra a morte, não é uma luta partidária”, enfatizou a deputada Perpétua Almeida.
A deputada acreana se envolveu na questão quando foi procurada pelos membros da Associação dos Contaminados e apresentou um projeto de indenização no valor de R$ 100 mil para cada contaminado.
“A gente sabe que o dinheiro não vai restituir a saúde ou a vida deles, mas pode ajudar a amenizar os efeitos, dando condições até de mais conforto”, justificou a deputada comunista. (Assessoria)