Na semana que relembra os 21 anos da morte do líder seringueiro Chico Mendes (22 de dezembro de 1988) os países dão o maior sinal de que não estão dispostos a colocar em prática o desenvolvimento sustentável, conceito este pregado no meio da Floresta Amazônica por um homem que nem bem completara seu colegial. O fracasso da Conferência Mundial sobre Mudanças Climáticas, a COP-15, mostra que por muito tempo a humanidade ainda terá que conviver com um modelo econômico poluidor e agressor ao meio ambiente.
Chico Mendes morreu lutando contra a ação da devastadora política do governo militar (1964-1985) de transformar a Amazônia numa grande área para bois. Duas décadas depois, o Brasil continua derrubando a floresta e, em seu lugar, plantando soja. Os governantes brasileiros do mesmo partido que Chico ajudou a criar no Acre, o PT, não falaram a mesma língua em Copenhague.
A maior reserva extrativista do Acre, que leva o nome dele, por pouco também não virou pasto. Hoje governado pelos antigos companheiros de Chico Mendes, o Acre tenta ser um modelo para o mundo de que é possível, sim, colocar o desenvolvimento sustentável em prática. Esse foi o principal “produto” vendido pelo Estado na COP-15. A economia da floresta é possível?
Como retirar deste “oceano verde” suas riquezas sem devastá-lo? Os mais radicais defendem que a Amazônia torne-se um santuário intocável. Os defensores da sustentabilidade retrucam dizendo que há pessoas morando ali, e é preciso oferecer condições para sua sobrevivência. As políticas dos petistas de focar suas ações na sustentabilidade ainda não têm surtido o efeito necessário para melhorar a qualidade de vida de quem está na cidade, nem mesmo na própria floresta.
As indústrias instaladas com o uso de dinheiro público que têm como objetivo mostrar a viabilidade de explorar a floresta com racionalidade mantém sua estrutura com o aporte desse mesmo governo. Muito mais do que uma política de governo, a terra de Chico Mendes deve ter o desenvolvimento sustentável como política econômica de Estado. Sabe-se que os frutos dessa audácia não surgem a médio prazo, mas a longo.
A participação da atividade florestal tem aumentado a cada ano dentro do Produto Interno Bruto acreano. De 2003 para 2004 a variação real foi de 7,1%. Ainda em 2004, a participação foi de 16% no PIB. Em 1999, primeiro ano do PT no governo, era de 8%. Em valores reais, a economia da floresta chegou, em 2004, a mais de R$ 800 milhões.
Os resultados são bons, mas ainda não atrativos e viáveis para quem atualmente pratica um desenvolvimento agressor e queira partir para um limpo e que não agrida o meio ambiente. Muito mais do que somente fazer da data da morte de Chico Mendes uma época de entregar prêmios, governo e sociedade devem, juntos, procurar métodos para que o Acre tenha um verdadeiro desenvolvimento sustentável, e o levar para os cinco continentes. Chico Mendes e o Planeta ficarão gratos.