Um nobre trabalho de 12 anos que está prestes a ser interrompido. Esta é a situação pela qual passa a Cooperativa dos Trabalhadores em Saúde de Rio Branco (Coopersaúde), que será julgada em 1ª instância hoje, em Ação Civil Pública, na 3ª Vara do Trabalho. A ACP foi impetrada desde 2001, por conta de uma onda de ‘denuncismos’ feita pela chapa de oposição derrotada em processo eleitoral da entidade. Agora, a Justiça pode decretar o fim da Coopersaúde, sentenciando-a por ter infringido a Lei de Cooperativas (5.764/71) ao não assinar as carteiras de associados.
Assim, uma acusação feita há nove anos poderá destruir uma boa causa atual. Um trabalho que dignifica a existência de 270 pais de famílias (250 em Rio Branco, com foco de atuação no 2º Distrito, e 20 no interior), oferecendo-lhes assistência em Saúde, Educação, Trabalho e sustentação econômica. Uma missão tão digna que atrai a parceria até das secretarias e programas de Assistência Social do Governo e prefeitura.
De acordo com o presidente da Coopersaúde, Sebastião Braz, os prejuízos para a vida destas cerca de 1.400 pessoas que dependem da entidade se-riam catastróficos, já que se trata de trabalhadores com pouca instrução escolar, muitos analfabetos e com faixa etária acima dos 40 anos. Um grupo que o competitivo Mercado de Trabalho da cidade sem dúvidas não teria espaço para acolher (como faz a associação).
O presidente também destacou que a cooperativa sempre fez o seu trabalho de forma clara, limpa e justa. Por isso, ele apela à Justiça do Trabalho para que tenha bom senso e leve em conta na sua decisão os pontos positivos que a Coopersaúde vem trazendo aos seus associados e à cidade, de forma geral.
“O trabalho da Coopersaúde é realizado, acima de tudo, pensando na vida dos nossos associados. Tudo o que fazemos é orientar, incentivar e/ou oferecer um suporte econômico na vida destes trabalhadores, de modo que a saúde deles e de toda a sua família seja preservada. É como uma garantia segura a eles para ter o seu próprio trabalho e, conseqüentemente, uma renda mensal para se sustentar. Portanto, eu fico bastante temeroso de que este processo judicial possa comprometer a continuidade do nosso projeto, que eu avalio como de importante relevância social”, comentou.
Conseqüências do fechamento
Conforme Sebastião Braz, com o fim da Coopersaúde os 270 associados precisariam, praticamente, refazer todos os seus planos de vida, tendo em vista que os prejuízos financeiros lhe seriam enormes. Além disso, o presidente contou que os projetos assistenciais de saúde, de economia e a educação dos filhos dos trabalhadores que estão matriculados nas escolas do 2º Distrito seriam interrompidos, fora os trabalhos comunitá-rios de administração, de busca por direitos, de conservação ambiental e de prevenção à doenças que a associação ensina a seus cooperados.