Pode até ter puxado o gatilho “sob forte emoção”, como disse ao se entregar à polícia. Porém, isso não o exime da culpa nem deve atenuar a pena que a Justiça deve aplicar ao fiscal da Vigilância Sanitária, André Raimundo Costa, que matou a namorada com um tiro na cabeça, na véspera do Dia da Mulher.
Essa história de “forte emoção” ou mesmo de “defender a honra” é antiga. Já serviu de álibi nos tribunais para tentar livrar assassinos confessos. Porém, nada justifica nem deve mais servir para escamotear esses crimes hediondos praticados contra pessoas indefesas. Como foi o caso dessa jovem que foi abatida a tiros no último final de semana.
O que também não se pode aceitar é que a polícia tenha sido tão diligente em proteger e livrar o rosto do acusado das luzes das câmeras e tenha sido tão tarda em apurar a denúncia, segundo consta feita dias antes pela própria vítima, de que estaria sendo ameaçada de morte.
Que tenha feito acordo para se entregar, que a polícia o proteja de alguma vingança é aceitável. Porém, sem privilégios de quaisquer espé-cies. Ele deve responder com o rigor da lei pelo crime hediondo praticado com ou sem “forte emoção”.