“Faltou luz”. Esta tem sido uma das frases que tem causado mais transtornos para os acreanos. Mas o pior é que, nos últimos anos, ela tem se tornado mais frequente. Em relatório divulgado nesta semana, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) revela que os acreanos ficaram 46 horas, 13 minutos e 48 segundos sem o fornecimento de energia elétrica em 2011 (na linguagem técnica, foram 46,23h no DEC, que é o índice que mede a ‘duração’ das interrupções de energia).
Todo este tempo, conforme a Aneel, foi resultado de 45,25 quedas e oscilações (os famosos ‘apagões’) no ano passado. Estes apagões foram medidos pelo FEC, que é o índice que a agência reguladora usa para calcular a ‘frequência’ a qual ocorrem estas interrupções no serviço.
Pela estrutura local da distribuidora acreana, a Aneel estipulou como meta de qualidade para a Eletrobras Distribuição Acre ter uma DEC/tempo limite para os apagões de 46,42 (46 horas, 25 minutos e 12 segundos) e um FEC/frequência limite de 40,78 vezes. Em outras palavras, o relatório da Aneel que o Acre não conseguiu cumprir as suas metas de 2011 em relação ao número de ‘apagões’ (foram 4,47 ocorrências acima da cota) e só conseguiu cumprir sua meta nas horas sem energia por causa de um ‘saldo’de 14 minutos e 24 segundos.
“A Aneel estabelece essas metas considerando as dificuldades e as adversidades da concessão. Se temos um problema em uma linha rural e que não tenha acesso, demora de 2 a 3 dias para resolvermos. A Aneel reconhece essas adversidades e estabelece as metas. Realmente estamos no ranking os piores indicadores do país, mas quase dentro da meta”, explicou Celso Mateus, diretor de operação da Eletobras/AC.
Se comparado à média nacional para 2011, o Acre tem muito no que melhorar em relação ao serviço de fornecimento de energia. Segundo a Aneel, a média nacional para a falta de energia no país foi de 18 horas e 42 minutos. Isto significa que em 2011 os acreanos ficaram sem energia durante 27 horas e 31 minutos a mais do que o restante dos brasileiros. No entanto, o Acre conseguiu cumprir a sua meta de qualidade neste quesito. O Brasil não (ela era de 16h22min).
Quanto à frequência dos apagões, o Brasil teve 11,16 casos em 2011 (cumpriu sua meta, ficando abaixo do limite de 13,61). Ou seja, 34 vezes menos ocorrências do que no Acre.
Os números para o relatório foram obtidos pela Aneel com informações das próprias empresas concessionárias de distribuição. Após receber os dados, a agência nacional ainda realiza uma fiscalização aleatória para confirmar a autenticidade deles. Como resultado geral, a agencia constatou que 23 distribuidoras não cumpriram suas metas: 13 delas só pelo DEC/tempo, 3 delas pelo FEC/frequência (situação do Acre) e 7 delas pelo DEC e FEC. A região Norte foi a que teve os piores desempenhos: 6 das 10 concessionárias desrespeitaram DEC e FEC. Apenas Roraima cumpriu suas cotas. Esta é a primeira vez que a Aneel faz o ranking.
Durante todo o ano de 2011, foram avaliadas 63 distribuidoras divididas em dois grupos, sendo 33 no mercado anual de energia com mais de 1 TWh (terawatt hora), e 30 no mercado anual abaixo de 1 TWh. No mercado maior, as piores colocadas estão na região Sudeste, Norte e Nordeste. A agência constatou que 23 distribuidoras não cumpriram suas metas: 13 delas só pelo DEC/tempo, 3 delas pelo FEC/frequência (situação do Acre) e 7 delas pelo DEC e FEC. A região Norte foi a que teve os piores desempenhos: 6 das 10 concessionárias desrespeitaram DEC e FEC. Apenas Roraima cumpriu suas cotas. Esta é a primeira vez que a Aneel faz o ranking.
Como tirar o Acre do ranking dos 23 desempenhos baixos
Celso afirmou que investimentos estão sendo realizados para que a distribuição de energia seja regularizada. “Eu não acho que a distribuição hoje no Acre esteja boa. Estamos em um processo de melhorias, executando investimentos, ampliando o número de sub estações, fazendo as manutenções preventivas e estabelecendo uma política de proteção. Não tenho a menor dúvida que irá melhorar as condições de fornecimento de energia elétrica para o Estado.
Em junho haverá a ampliação de 2 sub estações nos bairros Tangará e São Francisco e em 2012 terá uma nova sub estação, ao lado da UPA. Vamos ampliar em 150% a capacidade de fornecimento de energia elétrica para a região mais crítica, que é a Capital. A tendência é de melhoria”.
Raimundo Nonato da Silva, assistente da diretoria comercial, disse que por conta da inadimplência dos consumidores, a distribuição não tem sido melhor. “Com investimentos, a qualidade do serviço irá melhorar. Mas para que isso aconteça, precisamos receber dos consumidores. Estamos prestando serviço, mas a inadimplência é grande”, finalizou.