O texto apresenta reflexão sobre o poder, a magia, a força das palavras. Tantas pessoas vivem sem preocupação com as palavras, esquecendo-se que elas dirigem e comandam a vida, movem o mundo. O termo ‘palavra’ vem do latim ‘parabola’, de origem grega [parabole]. Em sentido popular exprime o som articulado, que contém um sentido ou um significado. Usar a palavra significa falar, manifestar um pensamento por meio de discurso ou orações faladas.
As palavras foram às primeiras grandes ferramentas do espírito e do conhecimento humano. O aumento do conhecimento muitas vezes pode ser traçado estudando-se a história das palavras. As palavras são armas poderosas, podem confortar, magoar, fazer sorrir ou chorar. Uma palavra pode manifestar carinho, pode ser uma ofensa, uma promessa e até tapa na cara, mais que isso, a palavra tem o poder de exprimir ideias. Muitas vezes as palavras saem da boca sem que tenham passado pelo cérebro, ou ao contrário, passam tantas vezes pelo cérebro que se perdem e acabam virando um pensamento que não pode ser externado por palavras. Por isso, talvez, canta sabiamente o rei Roberto Carlos: “palavras são palavras, e a gente nem percebe o que disse sem querer, e o que deixou pra depois”. Assim, uma comunicação mal feita pode deixar a pessoa sem achar um jeito para explicar, e esperando que a outra possa aceitar um pedido de desculpas.
Mas, afinal, o que são as palavras? Elas são tudo na vida. Sustentam os negócios no mundo. Nas trocas, nas vendas, no diálogo para dentro e para fora. São elas que garantem um lugar no mercado ou fora dele, quando equivocadas. As empresas sobre elas saltitam perigosamente, como em caminho de pedras, em meio a escuma dos inquietos meandros de uma economia. Palavras fazem toda a diferença na vida das pessoas. Toda gente é dirigida por palavras, sejam de pais, filhos, amigos ou inimigos elas atingem a todos, indistintamente. Mesmo no silêncio elas inquietam. Sussurradas pela memória de uma experiência gratificante, são renovadoras. Gritadas pela consciência traída, são devastadoras.
Vêm-se que as palavras têm demasiado poder, pois da mesma forma que dizem coisas, têm o poder de destruir um coração, uma nação. Um bom advogado, pelo uso da palavra, pode libertar ou condenar uma pessoa. Uma desculpa bem dada salva um relacionamento, mas se as palavras tiverem sido mal empregadas, desfazem-se famílias, empregos, amizades, negócios. Palavras ditas, palavras cantadas, palavras escritas. Riqueza. O bom uso das palavras enriquece as pessoas.
Vive-se na era da informação e informação nada mais é do que o agrupamento e o processamento de palavras. Quanto maior for o número de palavras que alguém conhece, quanto maior seu vocabulário, maior a chance de crescimento. Toda pessoa culta é pessoa rica. Rica de conhecimento, de companhia, de liberdade. O maior risco no uso das palavras é não se fazer entender. Muitas vezes as pessoas falam coisas que não chegam aos ouvidos do interlocutor. E não há nada pior neste mundo do que ser mal-entendido. Corrigir demora e nem sempre se obtém êxito. E coisa ruim na vida é quando se diz palavras a alguém que entende outras. Por isso o processo de comunicação deve ser pensado, elaborado. Ninguém toma de volta palavras ditas, pronunciadas. Por vezes, nem o perdão resolve.
Dessa forma, as palavras têm tanta força, tanto poder, que quando expressadas fazem efeito na vida, e essa influência poderá ser boa ou ruim, dependendo das ideias que carregam. Sempre foi assim, como diz a Bíblia (João,1:1), “No início era o verbo”. E o verbo ainda hoje cria o universo humano. A palavra é muito poderosa, pode condenar, salvar, iluminar ou mandar a escuridão, pode fazer adoecer, curar e dar esperança, fazer alguém feliz ou infeliz. Através da palavra pode-se deificar uma pessoa, profetizá-la ou amaldiçoá-la. Por uma palavra deixa-se alguém alegre ou triste. Palavras são meios de transporte, como o trem, a bicicleta e o avião, navios, barcos. A palavra dá vida, esperança. As palavras são essas ferramentas fantásticas que comandam a vida e tanta gente não dá importância a elas. Por isso tudo é muito bom cuidar das palavras. Dizem que uma pessoa é aquilo que diz a boca. Sendo assim, é prudente cuidar das palavras, afinal, elas dirigem a vida da gente.
DICAS DE GRAMÁTICA
SENTAR-SE À MESA ou SENTAR-SE NA MESA?
Ninguém se senta na mesa para comer, seria anti-hi-giênico e indelicado, portanto as pessoas sentam-se à mesa. Normalmente, sentam-se no banquinho, numa cadeira, mas na mesa não. Da mesma forma que não nos sentamos no piano para tocar, mas nos sentamos ao piano. Outra questão. O verbo sentar no sentido de dobrar o próprio corpo é reflexivo: sentar-se, embora no coloquial o verbo “sentar” esteja se tornando intransitivo, como na frase: Sentou no chão.
SEJA/ ESTEJA
Seja/sejam, esteja/estejam são formas corretas dos verbos ser e estar. Não existem seje/sejem nem esteje/estejem. Já o verbo desejar faz o presente do modo subjuntivo em deseje, desejes, deseje, desejemos, desejeis, desejem.
Luísa Galvão Lessa – É Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montréal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Membro da Academia Brasileira de Filologia; Membro da Academia Acreana de Letras; Membro Fundador da Academia dos Poetas Acreano; Pesquisadora Sênior da CAPES.