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Percy Fawcett no Acre (II)

A Gazeta do Acre por A Gazeta do Acre
28/10/2014 - 18:46
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A viagem de Fawcett até as cabeceiras do Rio Acre, em duas canoas pequenas, ocorreu em janeiro de 1907, período de cheia do rio. Foi uma viagem difícil, pois o rio é estreito em seu alto curso e os repiquetes frequentes (cheias rápidas) dificultam a subida em razão da forte correnteza, vencida por Fawcett e sua equipe com remos e varejão. Para tornar a missão mais penosa, após os repiquetes o nível do rio baixa expondo bancos de areia e troncos de árvores que dificultam a passagem dos barcos. Sem ‘motores de rabeta’ e motosserras, a expedição de Fawcett sofreu carregando as canoas e suprimentos e perdeu tempo cortando com machados os troncos que impediam a sua passagem.

A seguir transcrevermos o relato de Fawcett, lembrando que sua expedição aconteceu em janeiro, quando o Rio Acre está cheio.

“Nós calculamos mal as condições do Rio Acre acima de Yorongas. A maior das nossas duas canoas era muito grande para continuar rio acima, então nós fomos forçados a trocar por duas ubás menores”. Acreditamos que a Yorongas citada por Fawcett seja uma localidade peruana conhecida nos dias de hoje como ‘Bélgica’. “Árvores caídas, atravessadas no rio, dificultavam a travessia em todos os lugares. O trabalho de cortar árvores ou transportar as canoas e os suprimentos sobre os troncos era um trabalho sem fim”.

“Durante a subida, ossos de grandes animais apareciam nas barrancas. No arenito vermelho erodido e caído nas margens do rio, restos fossilizados eram comuns. Rio abaixo nós vimos tartarugas petrificadas em perfeitas condições. Se tivéssemos parado para investigar, teríamos encontrado sinais de monstros extintos ou animais não mais existentes nestas florestas”. Fawcett era um bom observador. No Laboratório de Pesquisas Paleontológicas da UFAC  é possível admirar uma das tartarugas fossilizadas descritas por Fawcett e os ossos de um “monstro” trazido do alto rio Acre – o crânio completo de um Purussaurus, animal extinto há milhões de anos.

“Agora havia sinais de índios – rastros na areia e trilhas na floresta. Vimos apenas alguns vultos, os índios tinham o cuidado de, tanto quanto possível, se manter fora do alcance de visão. Aqui e ali um tronco de árvore havia sido esculpido em forma de um cone de 30 cm de altura, provavelmente por um motivo religioso”. Esses cones descritos por Fawcett não foram reportados por antropólogos que realizaram estudos junto aos indígenas do alto Rio Acre.

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“Nós passamos a “Cascada de Avispas”, uma pequena queda de somente meio metro de altura, onde dava para tomar banho em segurança, tendo como único desconforto as picadas das mutucas”. Esta “Cascada” deve corresponder à conhecida ‘Cachoeira Inglesa’, mapeada em 1866 por William Chandless, cujos mapas eram utilizados por Fawcett na sua viagem ao Acre.

“Foi trabalho duro subir o rio, pois foi necessário ultrapassar não menos do que 120 corredeiras e  cataratas, algumas com até um metro de queda, quando as pesadas ubás tinham que ser arrastadas. O arenito vermelho deu lugar a rochas pretas e chegamos a uma relativamente alta queda, acima da qual o rio tinha não mais que um metro de largura. Não dava mais para arrastar as canoas. Eu gostaria de ter continuado até as nascentes, a qual deveria estar a poucos quilômetros distante, mas os índios se negaram a continuar. Eu fiquei preocupado em deixar os índios sozinhos com as canoas, pois eles poderiam partir e nos deixar em má situação. Assim nós marcamos o ponto da chegada da expedição no tronco de uma grande árvore e iniciamos o retorno”.

Encontro com Plácido de Castro
No final de janeiro Fawcett retornou à Cobija, na Bolívia, e adentrou o Brasil. Algumas de suas impressões sobre o Acre daquela época são descritas a seguir:

“Depois de deixar Cobija nós entramos em território brasileiro e foi notável a mudança verificada. Os barracões eram casas bem construídas e com prósperos proprietários. Comparando com Cobija, Xapuri parecia um lugar luxuoso, inclusive com hotel que cobrava uma diária de quatorze “shillings”, o que não era caro, tendo em vista os preços praticados na região”.

“Como nas cidades bolivianas, bebidas alcoólicas e doenças andavam juntas em Xapuri. Era em Xapuri que os “durões” do Acre se reuniam para festejar e assim a cidade era “quente” em todos os sentidos”. “Dan era o “gostoso” da nossa expedição e o pagamento que ele recebeu em Cobija, foi gasto em Xapuri para comprar roupa nova,  um relógio de bolso com corrente e um par de horrorosas botas amarelas com cano alto e elástico dos lados”.

“Pior que Xapuri era Empresa, outra localidade brasileira,  onde nós ficamos apenas o tempo suficiente para nos encontrar com o Coronel Plácido de Castro, governador do Acre, que nos acompanhou até a sede do Capatará”. Empresa era o povoado que deu origem a nossa cidade de Rio Branco. Segundo Valdir Calixto, autor do livro “Plácido de Castro e a construção da ordem no Aquiri”, nessa época Plácido exercia o cargo de Prefeito do Alto Acre (24.07.1906-25.03.1907).

“Foi com a ajuda do Coronel Plácido de Castro, em Capatará, que conseguimos uma tropa de mulas para a viagem por terra para o Abunã. Ficamos ainda mais em débito com o Coronel pela sua hospitalidade e agradável conversação. Nós paramos em um lugar chamado Campo Central para mapear as nascentes de alguns igarapés e marcar suas posições. Notamos aqui um enorme campo circular com aproximadamente 2 km de diâmetro, local que poucos anos antes viviam os índios Apurinã. Um grupo de Apurinãs ainda vivia no local denominado Gavião”.

Campo Central e Gavião localizavam-se ao longo do varadouro que ligava a sede do Seringal Capatará, no Rio Acre, a vila de Santa Rosa (Bolívia), no Rio Abunã. O varadouro não existe mais, mas acredita-se que sua trajetória coincidia com a atual rodovia BR-317 ao longo de 17 km a partir da atual sede da Usina Alcoobrás, até cerca de 5 km antes da cidade de Capixaba (ver figura acima). Essa hipótese considera que o mesmo cruzava divisores de águas das nascentes dos rios Iquiri, Rapirrã e outros afluentes menores do Rio Acre. No lado brasileiro a floresta existente ao longo do varadouro foi substituída por áreas de pastagens.

“Fortes chuvas inundaram o varadouro o que nos forçou a acampar em Esperança, onde alguém roubou os arreios de duas de nossas mulas. Se o ladrão for descoberto, eu tenho pena dele, pois os arreios eram das mulas do Cel. Plácido de Castro”. Fawcett e sua comitiva transitaram pelo varadouro Acre/Abunã possivelmente entre março e abril de 1907 e não é de surpreender o tempo chuvoso do final do inverno.

[Artigo continua…]

*Evandro Ferreira é engenheiro agrônomo e pesquisador do Inpa e do Parque Zoobotânico da Ufac;
**Alceu Ranzi é paleontologista e professor aposentado da Universidade Federal do Acre.

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