Sem avanço nas negociações com o governo, a paralisação dos servidores da Saúde chega ao segundo dia em todo o Estado e os atendimentos médicos nas unidades começam a ser prejudicados. No Pronto-socorro de Rio Branco, pacientes se aglomeraram na recepção enquanto aguardam serem chamados para consultas e outros procedimentos.
Dona Maria do Socorro Oliveira busca atendimento oftalmológico pelo segundo dia. Segundo ela, chegou no local ainda nas primeiras horas da manhã e até a publicação desta reportagem, ainda não havia sido atendida. “Eles [servidores da saúde] tem razão de estar reivindicando os direitos deles, mas a população também precisa de atendimento. Das outras vezes o atendimento era rápido, no máximo uns 40 minutos”, conta ela inconformada.
Carolina Pinho, diretora geral do Pronto-socorro, no entanto, esclarece: “Em razão do não atendimento nas unidades básicas de saúde, a população acaba procurando o Pronto-Socorro, o que ocasiona uma demanda grande ao serviço de urgência. Inclusive, pedimos que, para os casos de não sejam de urgência e emergência, as pessoas se dirijam às UPAs, evitando assim, que o nosso PS fique superlotando e não prejudique o atendimento de casos graves.”
A mobilização dos trabalhadores da saúde começou na terça-feira, 7, em frente à Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) e se concentra nesta quarta no Pronto-socorro da capital. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Acre (Sintesac) a paralisação temporária será encerrada nesta quinta-feira, 9, e a expectativa é de que seja firmado algum acordo com a gestão, a partir de uma Audiência Pública que será realizada na Aleac na próxima segunda-feira, 13.
Os servidores pedem a realização de concurso público, reposição das perdas inflacionárias de 2020 e 2021, etapa alimentação no valor de R$ 420 (servidores querem R$ 700, o que ainda não ficou acordado), e reformulação do Plano de Cargo Carreira e Remuneração (PCCR), o qual o governo decidiu negociar somente no próximo ano, para começar a pagar somente em 2023.
Para Adailton Cruz, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Acre (Sintesac), a saúde não tem sido a prioridade da gestão Cameli. “O governador senta na mesa de negociação com as outras áreas, manda uma LOA para a Aleac com um calhamaço de propostas para as outras áreas e a saúde é totalmente esquecida e discriminada. Pra completar, ainda realiza um processo de gestão em folha de pagamento tirando o pouco que o servidor em saúde tem. Estamos aqui pedindo o apoio dos deputados, e exigindo uma reunião para fechar isso com o próprio governador”, declarou Cruz.