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Largo uso da palavra “coisa”

A Gazeta do Acre por A Gazeta do Acre
11/03/2015 - 16:00
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A Língua Portuguesa é um idioma bastante rico. Também os seus falantes pos-suem uma criatividade invejável. Assim, há palavras que são utilizadas para designar objetos, dar-lhes atributos, ações, circunstâncias. E uma dessas palavras é “COISA”. De acordo com as gramáticas de Língua Portuguesa, “coisa” pode ser substantivo, adjetivo, advérbio, verbo. Segundo o Dicionário Aurélio: De coisa + -ar. Verbo transitivo direto. Bras. Pop.1.Refletir, matutar; imaginar. Verbo transitivo indireto. 2.Bras. Pop. Cuidar; preparar: F. está coisando do almoço. Verbo intransitivo. 3.Refletir, matutar.

No meio popular, esse verbo “coisar” substitui qualquer outro que não ocorre a quem fala. Logo, “coisa” tem mil e uma utilidades na nossa língua. Quando nos falta uma palavra, “coisa” entra para traduzir  o pensamento do falante. De igual modo, nas regiões do Brasil, “coisa” ganha os usos mais diversos, a depender do gosto e dos costumes do lugar. Então, pode-se dizer que essa palavra “coisa” é uma espécie de muleta, que ampara o falante quando este não encontra a palavra exata para exprimir uma ideia. Assim, essa palavra “coisa” vai ganhando as cargas semânticas mais diversas e interessantes. Ela está presente no cotidiano de nossas vidas, na poesia, na música, na literatura.

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Em Portugal, por exemplo, “coisar” equivale ao ato sexual, como traduz José Machado, em seu dicionário. No Brasil, em especial no Norte e Nordeste, “coisas” é sinônimo de órgão genital: “E deixava-se possuir pelo amante, que lhe beijava os pés, as coisas, os seios” (Riacho Doce, José Lins do Rego). Na Paraíba e em Pernambuco, “coisa” pode ser cigarro de maconha. Em Olinda, o bloco carnavalesco “Segura a Coisa” tem um baseado como símbolo em seu estandarte. Em Minas Gerais, todas as coisas são chamadas de trem. Menos o trem, que lá é chamado de “a coisa”. A mãe está com a filha na estação, o trem se aproxima e ela diz: “Minha filha, pega os trem que lá vem a coisa!”.

Na música popular brasileira muita gente boa lançou mão dessa palavra. Alceu Valença canta: “Segura a coisa com muito cuidado / Que eu chego já.” Vinícius de Moraes diz: “Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça (…)”. A garota de Ipanema era a coisa mais linda do mundo. Depois, novamente Vinícius e Tom Jobim:  “Mas se ela voltar, se ela voltar / Que coisa linda / Que coisa louca.” Jobim e Vinicius sa-biam das coisas. Caetano Veloso também sabe, olhem como canta: “Alguma coisa acontece no meu coração”.  E, na música “Qualquer Coisa”, ele diz: “Alguma coisa está fora da ordem.”Também Jorge Aragão/Almir Guineto/Luis Carlos da Vila sabem usar a palavra: “Ô Coisinha tão bonitinha do pai…”. Lembram?

E tem mais, “coisa” tem história na MPB. No II Festival da Música Popular Brasileira, em 1966, estava na letra das duas vencedoras: Disparada, de Geraldo Vandré: “Prepare seu coração / Pras coisas que eu vou contar”, e A Banda, de Chico Buarque: “Pra ver a banda passar / Cantando coisas de amor”. Naquele ano do festival, no entanto, a coisa tava preta (ou melhor, verde-oliva). E a turma da Jovem Guarda não tava nem aí com as coisas: “Coisa linda / Coisa que eu adoro”. Cheio das coisas. As mesmas coisas, Coisa bonita, Coisas do coração, Coisas que não se esquece, Diga-me coisas bonitas, Tem coisas que a gente não tira do coração.

O nosso rei, Roberto Carlos,  tem preocupação com a “coisa e canta: “Coisa bonita, coisa gostosa, quem foi que disse que tem que ser magra pra ser formosa? Coisa bonita, coisa gostosa, você é linda, é do jeito que eu gosto, é maravilhosa”. Para Maria Bethânia, o diminutivo de coisa é uma questão de quantidade, afinal “são tantas Coisinhas miúdas”. Gal Costa diz: “Esse papo já tá qualquer coisa…Já qualquer coisa doida dentro mexe.”

Na literatura, a “coisa” é coisa antiga. Antiga, mas modernista. Oswald de Andrade escreveu a crônica “O Coisa”, em 1943.” A Coisa” é título de romance de Stephen King. Simone de Beauvoir escreveu “A Força das Coisas”.  Michel Foucault escreveu a fantástica obra “As Palavras e as Coisas” , e por aí vai a “coisa”.

Percebe-se que a palavra “coisa” não tem sexo (gênero), pode ser masculina ou feminina. Coisa-ruim é o capeta, o câncer, a hanseníase, a roubalheira no Brasil. Coisa boa é o Brad Pitt, Richard Gere, Tom Cruise. Nunca vi coisa assim! Coisa de cinema!

Por essas e outras é preciso colocar cada coisa no devido lugar. Uma coisa de cada vez, é claro, pois uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. E tal coisa e coisa e tal. O cheio de coisas é o indivíduo chato, cheio de” não-me-toques”. O cheio das coisas, por sua vez, é o sujeito estribado. Gente fina é outra coisa. Para o pobre, a coisa está sempre feia: o salário-mínimo não dá para coisa nenhuma. A coisa pública não funciona no Brasil. E a “coisa” não para por aí, nem lá, nem aqui. Tem essa “coisa” do Lava jato e a tal lista de Janot que dá nome às coisas. Tem o alguém a dizer que empreiteiras não foram extorquidas: ‘As coisas eram acordadas’. Depois, lá vem mais “coisa” no BNDES. Melhor ter cuidado no 15 de março, que a coisa, parece-me, vai ficar preta!

Mas, finalmente, para o pobre a coisa está sempre feia. Para os ricos as “coisas” são boas. Aqui tem essa coisa de alagação. Então, todo cuidado é pouco,  há muita coisa para ser arrumada no Brasil. Vamos ficar de olho nessas “coisas” para o país não cair, de vez, no descrédito mundial.

DICAS DE GRAMÁTICA
ALUGA-SE ou ALUGAM-SE apartamentos?
O certo é “ALUGAM-SE apartamentos”.
A presença da partícula apassivadora “SE” faz a frase ser passiva, ou seja, o sujeito é quem sofre a ação do verbo(= apartamentos), e não quem pratica a ação de alugar. É o mesmo que eu dissesse que “apartamentos são alugados”.

* Luísa Galvão Lessa Karlberg IWA– É  Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montréal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Mestra em Língua Portuguesa pela Universidade Federal Fluminense – UFF; Membro da Academia Brasileira de Filologia; Membro da Academia Acreana de Letras; Membro perene da International Writers end Artists Association – IWA; Coordenadora da Pós-Graduação em Língua Portuguesa – Campus Floresta; Pesquisadora DCR do CNPq.

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