As Festas Juninas
As festas juninas tomam conta de muitas cidades brasileiras neste mês de junho, pois é o tempo de tradições e das grandes festas populares dedicadas a santos muito especiais para os brasileiros e também para os portugueses que trouxeram ao Brasil o costume dos festejos juninos em homenagem a Santo Antônio (dia 13), São João (dia 24) e São Pedro (dia 29).
Por todo o País, especialmente nas cidades do Nordeste, as comemorações são tão elaboradas que incluem até certa dose de rivalidade entre os municípios. Uma competição saudável, fruto da vontade das comunidades em receber o título de “maior festa de São João do País” como acontece nas cidades de Caruaru, em Pernambuco, e de Campina Grande, na Paraíba.
É maravilhoso que ainda existam comemorações dessa natureza em um tempo, muitas vezes, marcado pela exacerbação da violência, da criminalidade e da individualidade. Por isso, é essencial que neste período do ano, possamos dedicar momentos preciosos para comparecer a festas familiares, cheias de alegria, colorido e fé.
Uma das características mais interessantes dos festejos juninos está no sem-número de brincadeiras e de comidas típicas que completam um cenário que, não raro, nos remete à infância. Um tempo em que a ingenuidade e as tradições interioranas ainda tinham certo espaço mesmo nas cidades grandes. E que saudades daquela época da infância e adolescência.
Santo Antônio
E hoje, 13 de junho, dia dedicado ao Protetor dos pobres, o auxílio na busca de objetos ou pessoas perdidas, o amigo nas causas do coração, Arca do Testamento e Martelo dos hereges. Assim é Santo Antônio de Pádua, frei franciscano, assim como eu e milhares de frades espalhados pelo mundo, que trocou o conforto da família pela vida religiosa, no constante seguimento à Nosso Senhor Jesus Cristo.
Contam os livros que o santo nasceu em Lisboa, em 15 de agosto de 1195, e recebeu no batismo o nome de Fernando. Ele era o único herdeiro de Martinho, nobre pertencente ao clã dos Bulhões y Taveira de Azevedo. Sua infância foi tranquila, sem maiores emoções, até que resolveu optar pelo hábito.
A escolha recaiu sobre a ordem de Santo Agostinho.
Os primeiros oito anos de vida do jovem frei, passados nas cidades de Lisboa e Coimbra, foram dedicados ao estudo. Nesse período, nada escapou a seus olhos: desde os tratados teológicos e científicos às Sagradas Escrituras.
Sua cultura geral e religiosa era tamanha que alguns dos colegas não hesitavam em chamá-lo de “Arca do Testamento”.
Testemunho de Fé dos mártires franciscanos
Reservado, Fernando preferia a solidão das bibliotecas e dos oratórios às discussões religiosas. Bem, pelo menos até um grupo de franciscanos cruzar seu caminho. O encontro, por acaso, numa das ruas de Coimbra marcou-o para sempre. Eles eram jovens diferentes, que traziam nos olhos um brilho desconhecido. Seguiam para o Marrocos, na África, onde pretendiam pregar a Palavra de Deus e viver entre os sarracenos.
A experiência costumava ser trágica. E daquela vez não foi diferente. Como a maioria dos antecessores, nenhum dos religiosos retornou com vida.
Santo Antônio encontra São Francisco de Assis
Depois de testemunhar a coragem dos jovens frades franciscanos em Marrocos, Fernando decidiu entrar para a Ordem Franciscana e adotar o nome de Antônio, numa homenagem à Santo Antão. E disposto a se tornar um mártir, ele partiu para o Marrocos, mas logo após aportar no continente africano, Antônio contraiu uma febre, ficou tão doente que foi obrigado a voltar para a casa. Mais uma vez, o céu lhe reservava novas surpresas. Uma forte tempestade obrigou seu barco a aportar na Sicília, no sul da Itália. Aos poucos, recuperou a saúde e concebeu um novo plano: decidiu participar da assembléia geral da ordem em Assis, em 1221, e deste modo conheceu São Francisco pessoalmente.
É difícil imaginar a emoção de Santo Antônio ao encontrar seu mestre e inspirador, santo, humilde, um homem que falava com as criaturas e recebeu as chagas do próprio Cristo.
Arca do Novo Testamento
Sabe-se apenas que os dois santos se aproximaram mais tarde, quando o frei português começou a realizar as primeiras pregações. E que pregações! Santo Antônio era um orador inspirado. É Doutor Evangélico da Igreja Católica (Papa Pio XIII em 1946). Suas pregações eram tão disputadas que chegavam a alterar a rotina das cidades, provocando o fechamento adiantado dos estabelecimentos comerciais.
De pregação em pregação, de povoado em povoado, o santo chegou a Pádua. Lá, converteu um grande número de pessoas com seus atos e suas palavras. Foi para esta cidade que ele pediu que o levassem quando seu estado de saúde piorou, em junho de 1231. Santo Antônio, porém, não resistiu ao esforço e morreu no dia 13, no convento de Santa Maria de Arcella, às portas da cidade que batizou de “casa espiritual”. Tinha apenas 36 anos de idade.
O pedido do religioso foi atendido dias depois, com seu enterro na Igreja de Santa Maria Mãe de Deus. Anos depois, seus restos foram transferidos para a enorme basílica, em Pádua. O processo de canonização de frei Antônio encabeça a lista dos mais rápidos de toda a história. Foi aberto meses depois de sua morte, durante o pontificado de Papa Gregório IX, e durou menos de ano.
Muitos tem o nome de Antônio(a), “Toinho”, “Toinha”, “Tonha”, “Toin”, “Tânia” e “Tom”
Graças a sua dedicação aos humildes, Santo Antônio foi eleito pelo povo o protetor dos pobres. Transformou-se num dos filhos mais amados da Igreja, um porto seguro a qual todos – sem exceção – podem recorrer.
Uma das tradições mais antigas em sua homenagem é, justamente, a distribuição de pães aos necessitados e àqueles que desejam proteção em suas casas.
Homem de oração, Santo Antônio se tornou santo porque dedicou toda a sua vida para os mais pobres e para o serviço de Deus. Diversos fatos marcaram a vida deste santo, mas um em especial era a devoção a Maria. Em sua pregação, em sua vida a figura materna de Maria estava presente.
Santo Antônio torna-se um dos santos de maior devoção de todos os povos e sem dúvida o primeiro português com projeção universal.
E Santo Antônio é mesmo casamenteiro?
Conta a história, que certa senhora, no desespero da miséria a que fora reduzida, decidiu valer-se da filha, prostituindo-a, para sair do atoleiro. Mas a jovem, bonita e decidida, não aceitou de forma alguma. Como a mãe não parasse de insistir, ela resolveu recorrer à ajuda de Santo Antônio. Rezava ela com grande confiança e muitas lágrimas diante da sua imagem quando, das mãos do Santo, caiu um bilhete que foi parar nas mãos da moça. Estava endereçado a um comerciante da cidade e dizia: “Senhor nosso, queira obsequiar esta jovem que lhe entrega este bilhete com tantas moedas de prata quanto o peso do mesmo papel. Deus o guarde! Assinado: Antônio”.
A jovem não duvidou e correu com o bilhete na mão à loja do comerciante. Este achou graça. Mas vendo a atitude modesta e digna da moça colocou o bilhete em um dos pratos da balança e no outro deixou cair uma moedinha de prata. Mas qual! O bilhete pesava mais! Intrigado e sem entender o que se passava, o comerciante foi colocando mais uma moeda e outras mais, só conseguindo equilibrar os pratos da balança quando as moedas chegaram a somar 400 escudos. O episódio tornou-se logo conhecido e a moça começou a ser procurada por bons rapazes propondo-lhe casamento, o que não tardou a acontecer, e o casamento foi muito feliz. Daí por diante, as moças começaram a recorrer a Santo Antônio sempre que se tratava de casamento.
Outra história
E envolve a fama de Santo Antônio é a de que uma moça muito bonita, que havia perdido as esperanças de arranjar um marido, apegou-se a Santo Antônio. Dizem que a mulher adquiriu uma imagem do santo e colocou-a em um pequeno oratório. Todos os dias, a jovem colhia flores e as oferecia a Santo Antônio sempre pedindo que este lhe trouxesse um marido.
Mas, passaram-se semanas, meses, anos, e nada do noivo aparecer.
Então, tomada pelo desgosto e pela ingratidão do santo, ela atira a imagem pela janela. Neste exato momento, passava um jovem cavalheiro que é atingido pela imagem do Santo. Ele apanha a imagem e vai entregar à jovem, que se apaixona por ele e atribui a sua chegada a fé por Santo Antônio.
A partir daí, as moças solteiras que querem casar começaram a fazer orações pedindo ajuda ao santo. Entre as simpatias mais populares, fala-se muito que as jovens devem comprar uma pequena imagem do Santo e tirar o Menino Jesus do colo, dizendo que só o devolverá quando conseguir encontrar o amor, ou ainda, virar o Santo Antônio de cabeça para baixo. Folclore popular.
Que tal então rezar esta Oração para esperar, em Deus, por um(a) namorado (a)’ ?!
Meu grande amigo, Santo Antônio, tu que és o protetor dos namorados, olha para mim, para a minha vida, para os meus anseios.
Defende-me dos perigos, afasta de mim os fracassos, as desilusões, os desencantos.
Faze que eu seja realista, confiante, digno(a) e alegre.
Que eu encontre um(a) namorado(a) que me agrade, seja trabalhador, virtuoso e responsável.
Que eu saiba caminhar para o futuro e para a vida a dois com as disposições de quem recebeu de Deus uma vocação sagrada e um dever social.
Que meu namoro seja feliz e meu amor sem medidas.
Que todos os namorados busquem a mútua compreensão, a comunhão de vida, a oração, o respeito e o crescimento na fé, por Cristo Nosso Senhor!
Assim seja.
Santo Antônio, rogai por nós!
Santo Antônio, São João e São Pedro, intercedei por nós!
Paz e Bem
Adaptado conforme: https://formacao.cancaonova.com/diversos/tempo-de-fe-e-tradicoes/
Frei Paulo Roberto, Ordem dos Frades Menores Capuchinhos – OFM Cap.
Colaborador da Fraternidade São Pio de Pietrelcina, Ordem Franciscana
Secular-OFS, na Diocese de Rio Branco-AC